.e o último tango não foi em Paris.

Ficou sentanda acompanhando o Lago dos Cisnes que os prendedores faziam no varal. Nunca tinha percebido como o vento era, na verdade, o maior coreógrafo da natureza. Se imaginou dançando com as palmeiras da sua infância num dia ensolarado de outono enquanto as folhas voavam ao seu redor, num espetáculo que comoveria até mesmo o Cirque du Soleil. Jogou o café já frio fora e pode sentir o beijo de brisa vindo da janela semi-fechada.
Semi-aberta era sua vida. Semi-aberta era a porta do seu coração. Semi-aberta era, sem dúvida nenhuma, era a condição penal do seu amor.
Pensava todos os dias em passar a chave na porta e não deixar mais niguém vir tomar chá. Pensava todos os dias na prisão perpétua ou o que pediria no corredor da morte. Pensava e dançava com as palmeiras outonais.
A janela semi-fechada.
A porta semi-aberta.
O pensamento semi-louco.
Diziam à ela que estava de hora de decidir. Ir até o hall e fechar a porta ou escancarar de vez a janela. Seu coração pulava desritmado sem saber pra onde ir. Por segundos, quase fechava a janela, outros tentava abrir a porta. No último verão, tentou fugiu pela chaminé.
Desritmada, descompassada, descontrolada, apaixonada. Sentia-se no meio da avenida sem saber sambar. Sentia-se presa numa imensa bolha de ar sendo protegida das tempestades que tanto amava.
E os prendedores seguiam dançando no varal.

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