.how did I get so sad? - 2nd act.

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há palavras que não cabem no peito vazio
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.how did I get so sad?.

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riso
choro
cicatriz
riso
gozo
aprendiz

viver assim é nunca viver assim

corrida
vento
nado
corrida
valsa
estrado

estar contigo é sempre estar só

comigo
semtigo
umbigo
comigo
castigo
mendigo

roubas meu sorriso como minha lucidez
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.. we fell in love, and the next day he was gone forever ..

Ontem ela me chamou para um café. 
Disse que precisava me contar algo urgente. 
Chegou quase correndo, me deu um beijo afoito, pediu um expresso duplo e guspiu:
- Me apaixonei.
ISSO??? Como assim uma paixão é urgente?
- Precisava desabafar. Não agentava mais isso explodindo dentro de mim. Consumindo meus sorrisos e enxugando minhas lágrimas. Meu peito tava apertado. Minha garganta tava trancada! 
Tomou um gole do café, comeu o amanteigado e suspirou aliviada.
Meio sem saber como agir, pedi detalhes.
- Pois então. Conheci ele num forró.
Forró? Como assim, tu num forró?
- É, era aniversário do Pedro, lembra do Pedro, da Uni?
Sim, lembro. Aqueles cachinhos amarelos nunca me convenceram que pertenciam àquela cabeça. Continua.
- Então fui sozinha, bebi, conversei com conhecidos e dancei com desconhecidos. No meio daquela gente feliz e suada, ele apareceu. Todo lindo. Todo cheiroso. Todo solitário. Todo pra mim. Tá, ele também tava suado. E dai? Puxei assunto e não conseguimos mais parar de falar. Parecia que ele era tu. 
À medida que ela ia falando, seus olhos se arregalavam. Um sorriso enorme grudou em seus lábios e não saiu dali nem quando ela bebericava o café ou procurava coisas que não precisava na bolsa. Contou tudo meio desordenadamente. Seus braços frenéticos poderiam destruir ou abraçar o mundo. A paixão não segue uma linha temporal, não é?
- Não! E parece que o final de semana foi um dia só! Uma hora! Um minuto! Nunca tinha me acontecido isso, tu me conhece! Sabe da efemeridade dos meus sentimentos mais do que ninguém! Efemeridade existe?
Não importa. O que nos importa é que tu inventou um sentimento novo ai dentro de ti!
- Não sei como vivi tanto tempo com os pés no chão! Essa sensação de não saber o que fazer mais pra se aproximar, de querer respirar o mesmo ar ao mesmo tempo, dormir de cansaço mas logo querer acordar. INCRÍVEL!
E gargalhou de um jeito único, que só ela conseguia gargalhar. 
Ecoava aquela felicidade no meu peito e nas paredes do bar. 
Senti a inocência de uma criança vendo o mar pela primeira vez. 
- Passamos dois dias perfeitos! Estou em transe ainda! Acho que conheci o amor da minha vida.
Eu apenas sorri. Minha felicidade não cabia em palavras.
- Ele era o cara que eu queria entrar de mão dada em casa e apresentar pros meus pais. Por ele eu casava na igreja de vestido longo! Branco até! Teria filhos e esqueceria de todos os meus planos. Acho que nunca mais vou sentir algo assim.
Hã? Era? Nunca mais? Teria? O que tu fez, guria?
- Domingo de noite expulsei ele da minha cama. Disse pra ele se vestir e sair da minha vida. Ele até pediu explicações, chorou, emburrou, fez cena. Mas não dei o braço a torcer. Adeus, eu disse.
Ele fez alguma coisa?
- Sim, claro que fez!!! Ele foi perfeito! Eu não estou acostumada a ser feliz. E outra! Vai que ele me ame assim como eu o amo? Vai que ele também faça tudo por mim e que essa paixão só aumente a cada dia até o fim dos nossos anos? Seríamos o casal mais.. mais.. mais..
Foi diminuindo o tom da voz até ficar apenas um sorriso. 
Olhou para o fundo da xícara e tomou o último gole.
- Eu não sei se saberia viver assim. 

.I'm afraid to say I love you.

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te sonhei nos meus sonhos mais uma vez
me vejo na tua vida como se ela fosse a minha
redesenhei um sorriso num rosto que conheço de cor
me pintei de uma alegria que só existe por ti

te abracei teus braços que sempre me levam ao céu
me grudei no teu corpo pro cheiro não sair mais de nós
te sufoquei com todos os beijos que escondi dos outros

me amas dum amor que não é meu
te engano dum amor que só guardo pra ti
me faz sorrir apenas por querer me enganar
te roubo aos poucos que é pra tu nao me acostumar
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