.
eu chego e ela está ali.
ocupando minha cama, como se fosse um gigante.
esperando para ter suas roupas rasgadas, seus segredos descobertos, seu corpo violado.
espera por um toque suave também, um olhar atento e um abraço contra o peito.

mas isso não me importa muito.
faço de conta que não a vejo. ignorando-a, ignoro também meus medos, meus receios e minhas mais secretas paixões.

vou até a cozinha preparar algo para comer. bem devagar. canto uma música, duas, três. elas vão e vêm na minha cabeça. ocupando o lugar de conversas devaneiosas, diálogos solitários.

volto, fecho a porta e fico parada a observá-la.
seu jeito, sua brancura, seu olhar atento.
me pedindo, me implorando para eu devorá-la, para eu possuí-la até o último suspiro.

docemente, a pego e coloco-a mais perto de mim. fito sua face, seu rosto estampando meu nome.
cheiro seu cangote - ainda pode ter algum perfume ali.
rasgo sua roupa e deixo ela assim: nua, aberta.
depois de possuí-la duas, três quatro vezes, deixo-a de lado e como tranquilamente.
desvendado, seu corpo alvo, com machas percorrendo-lhe caminhos, ainda me chama. pego-a no colo, aperto-a contra meu peito.
durmo então, abraçada no único pedaço que tenho de ti.



a carta

|baú.05.04.04|

2z

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